quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Abandono de esperanças

Trecho retirado do livro "Perdas Necessárias" da autora Judith Viorst. Por sinal, o livro é extraordinário, começo a me autoanalisar de uma maneira mais profunda e intensa, recomendo a todos(as) que visitam o meu blog!!!

"Parece razoável o desejo de transferir o passado agradável para o presente, procurar a repetição dos prazeres daqueles dias, apaixonar-se por aqueles que se parecem com os primeiros objetos da nossa afeição, repetir alguma experiência porque gostamos dela na primeira vez. Se a mãe era realmente maravilhosa, por que o filho não pode se casar com uma moça igual à que se casou com seu velho pai? Sem dúvida, todo amor normal - não precisa ser estranho, não precisa ser ostensivamente incestuoso - tende a compartilhar um amor de transferência.
Repetir o que é bom tem sentido, mas é difícil para nós entender a compulsão para repetir o que nos faz sofrer. E, embora Freud tenha tentado explicar essa compulsão como parte de um conceito duvidoso chamado "instinto de morte", pode ser também interpretada como nossos vãos esforços para desfazer - reescrever- o passado. Em outras palavras, fazemos, e repetimos e repetimos, na esperança de que dessa vez o fim será diferente. Continuamos a repetir o passado - quando éramos desamparados e conduzidos -, tentando dominar e alterar o que já aconteceu.
Repetindo a experiência dolorosa, estamos nos recusando a enterrar nossos fantasmas da infância. Continuamos a clamar por alguma coisa que não pode acontecer. Por mais que sejamos aplaudidos agora, ela jamais nos aplaudirá naquela época. Temo de abandonar essa esperança."

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